Qualidade de vida no trabalho: como medir e aprimorar?

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Qualidade de vida no trabalho é um fator que pode fazer toda a diferença nos resultados do seu negócio. Afinal, pessoas felizes são muito mais produtivas e retribuem o bem-estar na forma de resultados para a empresa.

Por isso, esse indicador deve ser acompanhado de perto e aprimorado constantemente.

Vamos ajudar você nessa tarefa e mostrar por que a qualidade de vida no trabalho é um dos assuntos mais falados no mundo corporativo — inclusive para o MEI.

Siga a leitura e ofereça as melhores condições possíveis ao seu colaborador.

O que é qualidade de vida no trabalho?

Qualidade de vida no trabalho é um indicador que mede o nível de satisfação e bem-estar dos colaboradores em uma empresa.

Esse conceito também é conhecido pela sigla QVT e tem como função qualificar a experiência do colaborador no ambiente de trabalho, considerando as necessidades dos profissionais – das mais básicas às mais complexas.

Para medir a qualidade de vida no trabalho, são considerados critérios como compensações, programa de benefícios, espaço físico, clima organizacional, relações com colegas e líderes, e tudo o que influencia a percepção dos colaboradores sobre a empresa.

Com a tendência atual de humanização do trabalho e valorização das pessoas como ativos preciosos das organizações, esse conceito vem ganhando cada vez mais importância.

Isso porque nunca foi tão importante atrair e reter os talentos certos para ganhar vantagem competitiva.

Então, para trazer as pessoas certas e mantê-las no time, as empresas investem na qualidade de vida de seus colaboradores e, em troca, ganham mais produtividade, engajamento e resultados.

Leia também: MEI pode ter funcionários? Dúvidas sobre contratação em 2022

Origem dos estudos sobre qualidade de vida no trabalho

Um dos primeiros autores a discutir a qualidade de vida no trabalho foi o autor e professor Richard E. Walton, da Harvard Business School.

Walton elencou fatores essenciais para determinar a qualidade de vida no trabalho:

  • Compensação justa e adequada;
  • Condições de trabalho apropriadas;
  • Possibilidade de utilizar plenamente as próprias capacidades;
  • Oportunidades de crescimento;
  • Integração social;
  • Constitucionalismo;
  • Equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
  • Relevância social.

Até hoje, esses pilares são utilizados para medir a satisfação dos colaboradores e direcionar os esforços das empresas para melhorar suas condições de vida.

Qual é a importância da qualidade de vida no trabalho?

A qualidade de vida no trabalho é medida e acompanhada por empresas e países do mundo todo, como mais um indicador-chave do universo corporativo.

No Brasil, um dos indicadores mais utilizados é o Índice Sodexo de Qualidade de Vida no Trabalho (IQVT), uma ferramenta online e gratuita que mede a percepção dos brasileiros em relação à satisfação no emprego.

Em 2022, temos os seguintes resultados:

  • Índice geral de qualidade de vida no emprego de 6,5 pontos;
  • 54% dos colaboradores brasileiros estão satisfeitos com seu emprego atual;
  • 37% dos profissionais se declaram neutros em relação à qualidade de vida no emprego atual, principalmente nas áreas financeira e administrativa;
  • 9% dos profissionais estão insatisfeitos, concentrados no setor de atendimento ao cliente, área comercial e apoio administrativo (maioria que estudou até o ensino médio).

Para melhorar esses números, as empresas devem investir em iniciativas que favorecem o bem-estar físico e mental de seus colaboradores.

É preciso ter atenção aos seguintes critérios:

  • Reconhecimento: iniciativas que valorizam e recompensam os colaboradores;
  • Facilidade e eficiência: fatores que contribuem para que o profissional execute seu trabalho com facilidade, como processos bem estruturados, acesso a tecnologias e serviços, apoio da gestão, etc.;
  • Crescimento pessoal: todas as iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do profissional e avanço na carreira;
  • Saúde e bem-estar: promoção de um modo de vida saudável, baseado em uma alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos;
  • Relações interpessoais: tudo o que contribui para reforçar vínculos interpessoais e facilitar o acesso à cultura e entretenimento;
  • Ambiente físico: tudo o que garante um ambiente seguro e confortável, da iluminação e climatização à distribuição de espaços.

Cuidando de cada um desses pontos, as empresas conseguem reter talentos, engajar sua força de trabalho e desenvolver cada vez mais o capital humano como diferencial competitivo.

Qual a relação entre qualidade de vida e desempenho profissional?

Existe uma relação direta entre a qualidade de vida do profissional e seu desempenho na empresa.

De acordo com um estudo feito pela PwC em parceria com a Universidade do Sul da Califórnia, um trabalhador feliz é 31% mais produtivo, sua capacidade criativa triplica e ele é capaz de vender até 37% a mais.

É uma tendência natural, uma vez que pessoas satisfeitas e saudáveis conseguem se concentrar mais facilmente, liberar a criatividade e usar todo o seu potencial.

Além disso, a satisfação com a própria carreira e resultados gerados também favorece o bem-estar do indivíduo, gerando uma retroalimentação positiva.

Empresas com programas de qualidade de vida

Diversas empresas criaram seus programas de qualidade de vida para engajar seus colaboradores.

Confira alguns exemplos a seguir.

Vale

A mineradora Vale se destaca pelo seu programa de qualidade de vida voltado à saúde e segurança ocupacional dos colaboradores.

A empresa promove ações como a Semana Interna Global da Saúde, Semana Interna Global de Prevenção de Acidentes (Sipat), Dia da Reflexão, entre outras iniciativas que priorizam o bem-estar dos funcionários.

Arte mostrando ações de qualidade de vida no trabalho da empresa Vale

Fonte: Reprodução

Nestlé

A Nestlé lançou o Canal de Bem-Estar, um portal com serviços e conteúdos de nutrição, saúde física e mental dedicado aos colaboradores e familiares.

O site permite que os colaboradores personalizem sua experiência de qualidade de vida, selecionando conteúdos e serviços de acordo com suas necessidades.

Por meio do canal, é possível ter acesso a serviços de telemedicina e suporte psicológico online, com acompanhamento individualizado e uma rede de apoio formada por médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos.

Shell

A rede de postos de combustíveis Shell criou o #WeCare para cuidar melhor de seus funcionários.

O portal oferece serviços muito diversos, como vacinação, empréstimo de móveis ergonômicos, aulas online de atividades físicas, sessões de alongamento e relaxamento, psicoterapia, entre outros.

Além disso, oferece recursos de entretenimento como lives com shows de funcionários, playlists colaborativas e salas de bate-papo.

7 dicas para melhorar a qualidade de vida no trabalho

Se você quer melhorar a qualidade de vida no trabalho da sua empresa, confira as dicas que preparamos pensando na realidade do MEI.

1. Faça o diagnóstico inicial

Qualquer iniciativa para melhorar a qualidade de vida no trabalho deve partir de um diagnóstico da situação atual da empresa.

Em uma organização maior, são usadas ferramentas como a pesquisa de clima e o índice de engajamento.

Agora, para a realidade dos pequenos negócios, basta perguntar ao colaborador como ele se sente em relação à empresa e identificar suas necessidades.

2. Use as necessidades de Maslow

Se você tem dificuldade em entender as demandas de um colaborador, uma teoria chamada pirâmide de Maslow, ou hierarquia das necessidades de Maslow, pode ajudar.

Basicamente, o teórico Abraham Maslow criou uma das teses mais respeitadas sobre as motivações humanas, representando nossas necessidades em uma pirâmide de cinco estágios.

  • Necessidades fisiológicas: são as necessidades básicas do ser humano, como respirar, comer, dormir e todas as funções que mantém o corpo em equilíbrio, que devem ser totalmente satisfeitas no ambiente de trabalho;
  • Necessidades de segurança: é a necessidade de se sentir seguro e protegido contra ameaças, que pode ser representada pela estabilidade no emprego;
  • Necessidades sociais: inclui as necessidades de estabelecer relações e criar laços na vida pessoal e profissional;
  • Necessidades de estima: abrange as demandas por autoconfiança, autonomia e apreciação, que são validadas pelo reconhecimento no ambiente de trabalho;
  • Necessidades de autorrealização: é o estágio de realização pessoal e profissional do ser humano, que representa o aproveitamento máximo do próprio potencial.

Logo, esses estágios servem como base para construir um programa de qualidade de vida no trabalho, pois permitem satisfazer cada nível das necessidades humanas.

2. Comece pelo ambiente físico

Como vimos, as necessidades humanas básicas devem ser plenamente atendidas antes de qualquer outra iniciativa.

Para isso, é preciso garantir um ambiente de trabalho adequado, que siga todas as normas de segurança do trabalho e satisfaça os colaboradores em aspectos como iluminação, ergonomia, climatização, etc.

Além disso, é importante ter espaços amplos e áreas para convivência, com arquitetura e design diferenciados para estimular a produtividade.

3. Ofereça benefícios atrativos

Além de um salário justo, é importante oferecer benefícios atrativos para os colaboradores. Você pode ir além dos clássicos vale-refeição e assistência médica, promovendo o bem-estar dos colaboradores com vales-cultura, mensalidade de academia e horários flexíveis.

É claro que, para a realidade do MEI, não há verba para tantos benefícios.

Mas você pode ser criativo e oferecer uma cesta básica, um ingresso de cinema, um dia de home office e pequenos “mimos” que motivam o funcionário — um simples bombom na mesa pode fazer muita diferença.

4. Ofereça oportunidades de crescimento

Um dos aspectos mais valorizados pelos profissionais atuais na hora de escolher um emprego são as oportunidades de crescimento que a empresa oferece.

Então, vale a pena investir em iniciativas de treinamento, auxílio-educação, formações e planos de carreira para os profissionais.

Já pensou, por exemplo, no retorno que você pode ter oferecendo um curso ao seu colaborador? E não precisa ser nada muito caro: há muitas opções interessantes e com preço acessível em plataformas como a Udemy.

5. Reconheça e premie o bom desempenho

O reconhecimento também é um pilar importante da qualidade de vida no trabalho, que atende às necessidades de estima dos colaboradores.

Por isso, é importante recompensar os profissionais pelo bom desempenho e estimular sua dedicação ao trabalho.

O reconhecimento pode vir na forma monetária, como no caso de bônus e comissões, ou em iniciativas simbólicas, como premiações e menções. Um feedback positivo bem estruturado, por exemplo, já motiva o colaborador.

6. Promova uma cultura colaborativa

Empresas com uma cultura forte possuem líderes transformadores, equipes colaborativas e estímulo constante à inovação e aprendizagem – tudo o que os colaboradores precisam para se sentir apoiados e engajados no trabalho.

Então, mesmo que você seja pequeno, tenha valores próprios da sua empresa e transmita isso ao seu colaborador.

7. Acompanhe a evolução da qualidade de vida

Após definir quais iniciativas são melhores para a sua empresa, é importante acompanhar de perto a evolução da qualidade de vida no trabalho.

Afinal, estamos falando de um indicador, ou seja, um parâmetro que deve ser medido e aprimorado continuamente.

Nas grandes empresas, isso é feito por meio de pesquisas periódicas e métricas de RH como índice de engajamento, índice de turnover (rotatividade) e clima organizacional.

Para o MEI, basta ver se as ações estão trazendo resultado positivo e se o colaborador está mais feliz e motivado para continuar trabalhando e ajudando a empresa a crescer.

 

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