Para entender o que é empreendedorismo, é preciso ir além da simples ideia de conceber um negócio. Essa pode ser uma jornada de vida, na qual você terá que superar todo tipo de dificuldades, a começar pelas suas próprias limitações.
Não há salário certo no começo do mês, férias garantidas, tampouco folga, exceto se você mesmo criar as condições para isso.
Em compensação, é possível ganhar o que nenhum outro emprego formal pagaria, sem falar nas oportunidades de aprender sempre algo novo e contribuir com a sociedade com a solução de um problema.
Avance na leitura deste texto e saiba mais sobre as vantagens e os desafios de estar à frente do próprio negócio.
O que é empreendedorismo?
Empreendedorismo é a iniciativa de conduzir uma atividade produtiva abrindo uma empresa, individual ou coletivamente.
As atividades podem ser visando ao lucro, como é o caso do comércio, indústria e prestação de serviços, ou sem fins lucrativos, como acontece nas ONGs e OSCs.
Empreender implica uma continuidade, uma visão de futuro, do contrário, deixa de ser uma empresa e passa a ser um projeto.
A iniciativa empreendedora é algo que sempre acompanhou a humanidade, muito antes do surgimento da economia de mercado, como veremos a seguir.
Como surgiu o empreendedorismo?
Poderíamos até dizer que a invenção da roda foi a primeira iniciativa empreendedora da humanidade.
Ou então, imagine o quanto de resiliência o ser humano pré-histórico teve que despender para transformar uma pedra em um objeto acabado, sem ferramentas e utensílios apropriados.
Desde então, o empreendedorismo evoluiu muito, evidentemente, passando pelas grandes navegações e chegando à Revolução Industrial, que transformou o modo de vida da humanidade e proporcionou o crescimento das cidades.
Entenda a relação entre empreendedorismo e inovação para aplicar no seu negócio.
Qual a importância do empreendedorismo?
A economia de mercado se caracteriza pela livre iniciativa, ou seja, todos têm a chance de explorar a venda de produtos ou serviços para gerar lucro.
É diferente da venda da própria força de trabalho que, nesse caso, configura uma relação de emprego, em que o empregador lucra pagando menos do que o empregado produz.
Essa é a principal diferença em relação ao empreendedorismo, em que você, empreendedor, ganha exatamente na medida da sua produção.
Logo, o empreendedorismo é um direito fundamental para todos que tenham o desejo de crescer e prosperar sem depender da venda do seu trabalho a outros.
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Quais os tipos de empreendedorismo?
Empreender é navegar em um grande oceano que oferece as mais diversas oportunidades.
Como veremos na sequência, é possível dar início a um negócio explorando diferentes nichos, cada um com suas características.
Veja quais são os tipos de empreendedorismo e com qual deles você mais se identifica.
Oportunidade
O empreendedorismo por oportunidade é aquele motivado por lacunas no mercado. Digamos, por exemplo, que você decida abrir um negócio porque detectou que, na sua região, não há petshops especializadas em banho para gatos.
Nesse caso, o que motivou a abertura da empresa foi uma oportunidade, ou seja, a falta de uma solução para determinado produto ou serviço.
Situação diferente acontece ao abrir uma empresa por necessidade, como vamos ver na sequência.
Necessidade
As pessoas empreendem por necessidade não porque enxergam um nicho a ser explorado, mas por falta de opções de emprego.
Não por acaso, essa é uma modalidade de empreendedorismo sempre presente no Brasil, como apontam os dados mais recentes do IBGE.
Os números mostram que houve um aumento de 8,6% no número de empresas sem qualquer empregado assalariado, ou seja, de negócios individuais que não pertencem à categoria MEI.
O empreendedorismo por necessidade pode dar certo, mas, em geral, traz um risco maior, já que não parte de uma leitura do mercado, mas uma demanda do indivíduo, que muitas vezes sequer está preparado para o que vai enfrentar.
Dessa forma, a quantidade de concorrentes oferecendo a mesma solução pode ser muito grande, reduzindo as chances de destaque.
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Misto
Por outro lado, nada impede que uma empresa seja aberta para explorar uma oportunidade e, ao mesmo tempo, servir como meio de subsistência para quem a criou.
É assim que acontece no empreendedorismo misto, no qual o empreendedor abre um negócio motivado por fatores externos e internos.
Um exemplo disso na vida real é a trajetória do fundador do McDonald’s, Ray Kroc, contada no filme “Fome de Poder” (2016), estrelado por Michael Keaton.
Pressionado pela falta de dinheiro, Kroc fez de tudo para ver o negócio decolar, pois sentia que havia ali uma oportunidade única.
Conheça os melhores filmes e séries sobre empreendedorismo.
Social
O empreendedorismo social é mais voltado ao assistencialismo, por meio de ONGs e OSCs formadas sem fins lucrativos.
Isso não impede que essas empresas gerem lucros, que são revertidos para custear suas operações, pagar a mão de obra e auxiliar as causas a que se dedicam.
Empresas desse tipo podem ter como foco a inclusão de minorias, como o apoio a refugiados, além do combate a problemas sociais, como violência, fome ou doenças e, ainda, dar formação profissional a menores.
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Intraempreendedorismo
Como o nome sinaliza, o intraempreendedorismo é aquele que começa dentro de empresas já constituídas.
Muitas marcas apoiam essa iniciativa, como o Carrefour, que promove uma “maratona” de ideias para novos negócios entre seus colaboradores, e a Unilever Brasil, que financia as melhores iniciativas internas.
As empresas fazem isso para que as boas ideias de negócio sejam aproveitadas internamente e não fora da empresa.
Ao incentivar o empreendedorismo interno, elas passam a dar as cartas no futuro negócio — assim, minimizam os riscos de uma ideia boa não ser aproveitada ou dar origem a um concorrente.
Verde
Negócios “verdes” estão conectados com um conceito que tende a ganhar cada vez mais força, a sustentabilidade.
Tanto que já existem no mercado empresas dedicadas à recuperação de ecossistemas em risco e reintegração à fauna de espécies ameaçadas.
Então, se você tem afinidade com animais, plantas ou gosta de natureza, talvez esteja aí uma excelente oportunidade para empreender.
Informal
O brasileiro parece ter uma vocação para empreender informalmente. Casos de sucesso não faltam para mostrar que essa é uma possibilidade que pode dar certo, apesar dos riscos.
Talvez o maior exemplo de todos seja Silvio Santos, que de camelô no Rio de Janeiro se tornou um dos homens mais ricos do Brasil, dono de uma emissora de TV.
Na realidade da maioria dos brasileiros, no entanto, a atuação como autônomo é cheia de obstáculos que podem deixar de existir ao abrir uma empresa como MEI.
Franquias
Com crescimento de 18,2% no ano de 2022, o segmento de franquias segue como uma opção segura para quem quer empreender sem correr tantos riscos.
A propósito, esse sistema nasceu com o McDonald´s de Ray Kroc, a primeira marca a abrir para pessoas de fora a possibilidade de explorar o seu modelo de negócio.
Em uma franquia, a marca cede a terceiros os direitos de sua utilização, desde que sejam cumpridas uma série de exigências.
É uma escolha comum para quem dá os primeiros passos para empreender do zero.
Digital
A Era da Informação fez surgir o empreendedorismo digital, que nasce na internet e se expande totalmente no ambiente online.
É o que fazem, por exemplo, os negócios baseados na venda de infoprodutos como e- books, ferramentas e softwares que ajudem a solucionar os mais variados problemas.
Só em 2020, esse mercado simplesmente dobrou de tamanho, crescendo 103% no comparativo com o ano anterior.
Não por acaso, o segmento digital é o que mais agrada aos jovens empreendedores.
Quantos empreendedores têm no Brasil?
Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), três em cada 10 brasileiros entre 18 e 64 anos têm uma empresa ou estão envolvidos com um negócio próprio.
Isso faz com que o Brasil seja o país mais empreendedor do mundo. Só entre MEIs, são mais de 14 milhões de empresas.
Um dado interessante trazido pela GEM 2021 é que o empreendedorismo por necessidade deixou de ser dominante.
Hoje, 71% dos negócios abertos visam aproveitar uma oportunidade e não apenas o sustento dos seus criadores.
Quanto ganha um empreendedor?
A única resposta possível é: depende.
Um empreendedor pode amargar sérios prejuízos, tornar-se dono de um negócio bilionário, ou, ainda, se sustentar por anos a fio sem grandes saltos no faturamento.
Ou seja, tudo depende do desempenho do negócio. O mais importante é saber que, ao empreender, você abre mão de um salário, passando a ganhar conforme produz.
Perde-se o direito a férias, descanso remunerado e outros benefícios em troca da liberdade de faturar à vontade, limitado apenas pela demanda do seu mercado.
É claro que donos de empresas muitas vezes costumam tirar um “pró-labore”, uma quantia equivalente ao salário – a diferença é que eles têm o poder de estipular esses valores e decidir fazer isso.
Confira dicas para o empreendedor se manter motivado no dia a dia.
Quais são os principais desafios do empreendedorismo?
Para ter uma dimensão exata sobre o que é empreendedorismo, é necessário entender os muitos riscos que se corre ao começar um negócio próprio.
Não deixa de ser curioso que o Brasil tenha taxas de empreendedorismo tão altas, mesmo com os muitos problemas que temos em nosso ambiente de negócios.
Além disso, é preciso destacar as lacunas no sistema educacional, ainda falho em preparar as pessoas para a iniciativa empreendedora.
Confira então quais são os principais obstáculos para empreender e como eles podem ser superados ou pelo menos ter seus riscos minimizados.
Atender ao mercado
Como destaca um estudo publicado pela Forbes, 42% das empresas fracassam por lançarem produtos ou serviços que não satisfazem as necessidades das pessoas.
Assim, o desafio número 1 para todo empreendedor é criar soluções que sejam úteis para os seus públicos.
Uma forma de avaliar isso é fazer pesquisas de mercado, de maneira não só a identificar o que as pessoas querem, como mapear o comportamento de compra do consumidor.
Impostos e encargos
O Brasil é o segundo país que mais cobra impostos das empresas, segundo um ranking da OCDE.
De acordo com o estudo, 34% de tudo que as empresas ganham vai para o pagamento de impostos e encargos.
Uma maneira de minimizar esse impacto é fazer um rigoroso planejamento tributário, inclusive MEIs, a fim de pagar suas contribuições mensais em dia.
Pessoas
Outra contradição que acontece no mercado brasileiro é a falta de mão de obra qualificada, mesmo com o crescimento do empreendedorismo e do próprio mercado de trabalho.
Para MEIs, esse é um obstáculo ainda mais difícil de superar, considerando a limitação de apenas um empregado contratado.
A solução, nesse caso, é o próprio MEI investir no treinamento da sua mão de obra, ensinando ele próprio o ofício ou custeando cursos de formação.
Marketing e vendas
Toda empresa precisa encontrar soluções para vender mais e para que as vendas sejam constantes.
Para isso, é preciso divulgação. É onde muitos falham ao não investirem em estratégias de marketing que permitam captar clientes de forma sustentável e contínua.
Esse problema se relaciona com outro bastante comum nas empresas que encerram suas atividades: a falta de gestão.
Controle financeiro
Sem gestão, surgem inevitavelmente os problemas financeiros, em alguns casos por falta de mecanismos básicos de controle, como o registro do fluxo de caixa.
Há também uma certa indisciplina com relação ao uso do crédito que, para certos empreendedores, é visto como um “dinheiro fácil” e não um capital a ser investido.
Assim, eles acabam esquecendo que empréstimos são concedidos a juros, deixando de contabilizar esse custo em suas atividades.
Burocracia
Como aponta um levantamento feito pelo Banco Mundial, a burocracia trava o desenvolvimento das empresas no Brasil, e não é de hoje.
Embora MEIs desfrutem de condições melhores para a abertura do negócio, isso muda a partir do desenquadramento e migração para microempresa.
Ou seja, ao passar para outro modelo de empresa, precisam lidar com uma série de procedimentos.
Saiba tudo sobre as obrigações do MEI.
Empreendedorismo: por onde começar?
Tendo em conta os desafios de empreender no Brasil, algumas dicas são válidas para aumentar as chances de sucesso de um negócio que começa:
- Formalize-se como MEI, categoria com limite de faturamento mais baixo e carga tributária mínima;
- Busque por oportunidades no mercado, explorando produtos e serviços únicos;
- Calcule minuciosamente os custos para abrir e manter uma empresa;
- Estude os concorrentes e conheça bem seu público;
- Trace um plano de negócio com objetivos claros;
- Cuide da saúde mental sempre e equilibre a vida pessoal com a profissional.
Por que estudar empreendedorismo?
Você também pode saber o que é empreendedorismo seguindo pelo caminho mais seguro: estudando e se informando. Um passo nessa direção você já deu ao ler este artigo até o fim.
É recomendável investir em cursos livres, muitos disponíveis online — o Sebrae, por exemplo, tem boas opções.
Continue por dentro de assuntos que fazem a diferença para quem empreende, lendo os artigos no blog da MEI Fácil por Neon.
Que tal conferir agora os melhores livros de empreendedorismo para se inspirar?
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